Auto-Organização

Esse espaço socilizaremos nossa produção coletiva:


Plataforma de luta do
Coletivo de Mulheres –UFRN
Entregue no CONSEPE dia 07/12/2011


À Reitora Eleita
Ângela Paiva

 &

Ao Reitor
Ivonildo Rego

No dia 25 de novembro de 2010, por ocasião de ser o  Dia Latino-americano e Caribenho de Luta pelo fim da Violência contra a Mulher  celebrado no calendário da Marcha Mundial das Mulheres, que realiza atividades em mais de 135 países como um dia de visibilidade e luta pela transformação dessa relação de opressão vivida por mais da metade da população mundial e que segundo a Secretaria Nacional de Política para as Mulheres atinge 70% das mulheres brasileiras.

Nós estudantes da UFRN de diferentes áreas e a coordenação de Mulheres do DCE  em conjunto com outros movimentos sociais como o Organização Feminista Bandeira Lilás, GAMI Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes, Kilombo- Movimento Negro e MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra  nos organizamos  para construir a I Jornada Feminista de Enfrentamento à Violência contra a Mulher com o intuito de expressarmos a nossa indignação frente à persistência e crueldade da violência sexista, bem como provermos o diálogo com a comunidade acadêmica diante desta temática.

Em nosso encontro construímos uma Plataforma de Pauta das Mulheres para a UFRN como uma base para a intensificação da luta nos direitos das mulheres e dentre nossos diálogos surgiram as propostas que colaboram para o bem-estar e a inserção da mulher estudante na universidade. Também observamos a necessidade de se ter um maior compromisso da UFRN na construção da superação desse contexto. Queremos assim colaborar na reflexão sobre como a relação entre gêneros está sendo tratada nos meios acadêmicos e qual o papel da universidade na produção do conhecimento para uma sociedade igualitária justa, não sexista, não racista nem lesbofôbica. Esperamos que com a entrada da primeira mulher reitora, as questões voltadas para os direitos feministas tenham uma maior visibilidade na universidade e possamos tratar dessas pautas com mais seriedade e compromisso, pois somos herdeiras de uma mesma construção social.  

Política da universidade:

1.      Garantia do acesso das estudantes às residências de forma equânime;
2.      Garantia do cumprimento de regime especial às estudantes gestantes e ampliação do regime para seis meses;
3.      Construção de uma política de assistência estudantil que garanta a permanência das mulheres e homens que têm filho(a)s,  à  universidade;
4.      Universalidade da creche;
5.      Garantia de implementação da política de cotas em todas as contratações da universidade;
6.      Exigência do cumprimento da política de cotas como pré requisito a todas as empresas que prestam serviço à universidade;
7.      Estabelecer em conjunto com as estudantes um espaço capaz de receber as denúncias de ocorrência de machismo e lesbofobia no espaço da universidade e que tome as providências cabíveis;

Extensão:

Que os projetos de extensão tenham um recorte de gênero, identificando quantas mulheres e quantos homens são envolvidos em todos os projetos de extensão a fim de colaborar com o mapeamento das ações estudantes e comunidade envolvida;
Construção de projetos de extensão que possam facilitar o processo de superação de violência vivido pelas mulheres em diferentes espaços;


MJEC – Maternidade Escola Januário Cicco

A maternidade Escola Januário Cicco encontra-se numa situação de sobrecarga insustentável que reflete na qualidade da assistência oferecida às mulheres. Aliado à isso, interesses corporativos fazem com que, por exemplo, não seja garantido às mulheres o direito à um parto normal sem dor, visto não ser de interesse dos anestesistas dedicar-se horas a esta atividade enquanto em uma cesariana é possível executá-la em menos de uma hora.  Diante destas questões propomos:

1.      Conselho gestor da maternidade com participação de funcionários, estudantes e movimento de mulheres
2.      Canal de denúncia e apuração das mesmas para as mulheres atendidas na MEJC
3.      Adequação do espaço físico da maternidade para o parto humanizado e puerpério digno
4.      Comitê de mortalidade materna- como funciona
5.      Atendimento humanizado e livre de julgamento às mulheres vítimas de abortamento
6.      Garantia do direito de aborto nos casos previstos por lei
7.      Garantia da opção de parto normal sem dor
8.      Assistência humanizada à mulher em situação de abortamento como parte integrante da formação médica e especializada em GO

Produção de conhecimento: 

A partir do seminário: “A função social do conhecimento no combate a violência contra a mulher” realizado no dia 25 de novembro, dentro da I Jornada Feminista da UFRN viemos discutindo questões referentes às diversas formas de violência enfrentadas pelas mulheres na sociedade contemporânea. Entre outras questões apareceram às difíceis condições de enfrentamento a violência encontradas tanto no estado do Rio Grande do Norte quanto em Natal e na UFRN. Essas condições englobam entre outros elementos que são de desconhecimento público com relação a forma de percepção e enfrentamento a violência.
Pensamos que o conhecimento acadêmico em sintonia com as necessidades e problemas da sociedade é fundamental. Por isso a acreditamos que se faz fundamental a que a universidade assuma a responsabilidade de construção de um espaço para elaborar conhecimento a partir de dados que subsidie a elaboração de política públicas assim como seja capaz de diagnosticar a eficiência das políticas hoje existentes, logo a universidade deveria criar as condições de reunir conhecimentos provindos de movimentos sociais, de bases e núcleos de pesquisa acadêmica e de instituições públicas responsáveis para mapear e caracterizar a violência contra a mulher. Possibilitando pensar a realização de ações efetivas no combate a essa violência que se perpetua todos os dias.

A diversidade de áreas de conhecimento é importantíssima para construirmos uma plataforma de saber interdisciplinar que problematiza as questões de violência contra a mulher nas suas diversas nuances. Além do mais dá as bases instrumentais pra se pensarem alternativas dentro dos espaços da Universidade já que traz as realidades de cada setor no que tange as suas relações de gênero e de situação socioeconômica. Sabemos que hoje a comunidade acadêmica é constituída majoritariamente por mulheres, e saber quais as condições de permanência e realização de estudos dessas mulheres é muito importante para a construção de uma Universidade justa, democrática, popular e que cumpra seu papel social na superação das desigualdades.

Crentes na necessidade de implementação dessa plataforma assim como do nosso compromisso coletivo na superação da violência de gênero seguiremos em marcha até que todas as mulheres estudantes ou não possam ter uma vida sem violência e opressão, e contamos com seu compromisso político e administrativo na efetivação dessa plataforma.

Coletivo de Mulheres DCE-UFRN
Coordenação de Mulheres DCE-UFRN