DCE/UFRN Da Luta Não Me ReTiRo!


No dia 26 de maio de 2010, com a participação de mais de quatro mil estudantes de toda a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, do campus central aos campi do interior do estado, foi realizada a eleição para o Diretório Central dos Estudantes da UFRN. Todas as chapas que disputaram o pleito conquistaram ao menos uma coordenação dentro do Diretório. A chapa 01 (Da luta não me retiro) obteve onze coordenações, a chapa 02 (Poder estudantil) obteve uma coordenação, a chapa 03 (Rompendo amarras) obteve três coordenações e a chapa 04 (A novidade pede passagem) obteve quatro coordenações.

Como resultado dessa eleição, no dia 11 de junho de 2010, um novo capítulo se iniciou no movimento estudantil da UFRN. A Gestão Da Luta Não Me Retiro tomou posse na direção do DCE José Silton Pinheiro.

Passada a posse, decidimos reestruturar completamente todas as coordenações da entidade. E foi isso que fizemos durante esse quase um mês de gestão. Identificamos e reorganizamos todos os recursos humanos e financeiros, reestabelecemos os veículos de comunicação e começamos a mapear toda a rede do movimento estudantil dentro da Universidade que liga todas as entidades de base como os CA´s e DA´s.

No fim de semana último, dias 03 e 04, realizamos nossa reunião prolongada de planejamento, na qual, retomando todas as propostas de campanhas feitas por todas as chapas, aprofundamos discussões e apontamos necessidades e prioridades para a luta estudantil que será trava durante todo o ano da gestão. Como resultado, em breve estaremos apresentando um calendário inicial das atividades da entidade para o segundo semestre de 2010, que estará sujeito às avaliações, críticas e sugestões de todos os estudantes da UFRN. Inclusive, pretendemos apresentar a cada 15 dias um relatório de atividades da entidade para todos os estudantes.

A gestão Da Luta Não Me Retiro, que agora se inicia, tem como norte a discussão permanente acerca da função social da Universidade. Percebemos que nos últimos anos, as universidades públicas brasileiras têm passado por um amplo processo de expansão e reestruturação, no qual não apenas suas estruturas físicas e formas de organização administrativa têm sofrido mudanças, mas também o próprio papel da universidade pública na sociedade brasileira precisa ser repensado e rediscutido.

Para nós, da gestão Da Luta Não Me Retiro, toda forma de produção e socialização de conhecimento atende a interesses específicos. É necessário que nos perguntemos a quê e a quem serve o conhecimento que é fomentado nos corredores de nossas universidades. Em nosso horizonte, desejamos a construção de uma sociedade bem diferente da atual, uma sociedade justa e solidária. Portanto, é preciso que a Universidade tome para si o papel político de fomentadora de um conhecimento que sirva à construção dessa nova sociedade.

Nesse sentido, acreditamos que a universidade precisa rever diversos de seus paradigmas atuais. Seja no campo pedagógico, no qual acreditamos que a Instituição está de costas para os nossos grandes filósofos da educação, como Paulo Freire, que com sua proposta de educação libertadora reinventou os métodos pedagógicos em âmbito mundial; seja no debate do acesso à educação, no qual a UFRN continua a se esconder atrás de sua ineficaz medida de “argumento de inclusão”, que em muito pouco vem ampliando o acesso à educação superior pelas classes economicamente menos favorecidas; seja no debate da permanência do estudante economicamente carente dentro da Instituição, no qual a UFRN precisa retomar sua política anterior, devolvendo a Assistência Estudantil o status de Pró-Reitoria para atender a crescente demanda; ou seja na sua política de extensão e pesquisa universitárias, que deveria priorizar projetos de cunho popular, que realmente venham a contribuir para o desenvolvimento regional.

Assim, fica claro que os estudantes têm muito a contribuir com esse debate, e justamente por isso não podem se ausentar dele. E para garantir essa participação, definimos como prioridade de gestão a luta pela democratização da UFRN. A ditadura militar caiu, mas a democracia continua do lado de fora da nossa Universidade. Hoje, o peso dos estudantes e dos funcionários na tomada de decisões é praticamente irrelevante. Precisamos reverter esse quadro. Nossa luta será para que em todos os espaços de decisão, seja em conselhos, colegiados ou eleições dentro da universidade, as três categorias, professores, funcionários e estudantes tenham o mesmo peso, a mesma importância. Só assim poderemos livrar nossa Universidade dos prejuízos causados diariamente pelo corporativismo docente que todos conhecemos.

Por fim, gostaríamos de convocar todos os estudantes a se sentirem parte dessa nova luta que se inicia. Sem os estudantes, nada justifica a existência do DCE. Portanto, sejamos todos nós, não os indiferentes que tanto Gramsci odeia, mas sim os imprescindíveis a quem Brecht dedica seus versos. Pois a luta seguirá o seu curso até o dia em que conquistarmos o sonho do pão e da poesia, conhecimento e sabedoria repartidos por igual. Ou fazemos parte dessa luta determinando os rumos da História, ou seremos engolidos por ela.

Nossa gestão dessa luta não se retirará, jamais. E você?

Diretório Central José Silton Pinheiro
Gestão Da Luta Não Me Retiro – 2010/2011